No dia 12 de setembro, um dia após a Proclamação da República Rio-Grandense por Antônio de Sousa Neto, a seguir à vitória na Batalha do Seival, houve a solenidade de lavratura e assinatura da Ata de Declaração de Independência, pela qual os abaixo-assinantes declaravam não embainhar suas espadas, e derramar todo o seu sangue, antes de retroceder de seus princípios políticos, proclamados na presente declaração. Fizeram-se várias cópias da Ata, que foram enviadas às câmaras municipais e aos principais comandantes do Exército Republicano.
Como resposta imediata, as câmaras de Jaguarão, Alegrete, Cruz Alta, Piratini, entre outras, convocaram sessões extraordinárias, onde puderam analisar e corroborar os feitos, fazendo constar em Atas Legislativas suas adesões, proclamando a independência política da Província, por ser a vontade geral da maioria.
Bento Gonçalves não pudera estar presente devido a um fato circunstancial. Ao tomar conhecimento do ato da Proclamação da República Rio-grandense, Bento Gonçalves levantou seu acampamento na lomba do Tarumã, parte do sítio que impingia a Porto Alegre, seguiu a várzea do Rio Gravataí, marchou para São Leopoldo e cruzou o rio dos Sinos e o rio Caí, passou a deslocar-se beirando o Rio Jacuí, para junção de forças com Neto. Fatalmente ele precisava atravessar o rio na Ilha de Fanfa, no município de Triunfo, por causa da época de cheias. Ciente dos acontecimentos, Bento Manuel, agora a serviço do Império, deslocou suas tropas com 660 homens embarcados, a partir de Triunfo, de modo a impedir a passagem de Bento Gonçalves.
Bento Gonçalves decidiu cruzar o rio Jacuí para unir suas tropas com as de Domingos Crescêncio. Na noite de 1° de outubro, levantou acampamento e, na manhã seguinte, iniciou, com dois pontões para 40 homens, o cruzamento para a Ilha do Fanfa. José de Araújo Ribeiro, alertado por Bento Manuel, enviou a Marinha, comandada por John Grenfell no vapor Liberal, junto com 18 barcos de guerra, escunas e canhoneiras guardando o lado sul da Ilha, só percebida pelos Farrapos depois de estarem na ilha. Fechando o cerco por terra, Bento Manuel ficou senhor da situação. Era 3 de outubro de 1836.
Os farrapos resistiram por três dias e, sabedores da proximidade das tropas de Crescêncio de Carvalho, repeliram os fuzileiros que desembarcavam na ilha pela costa sul e qualquer tentativa de travessia pelo norte. A fim de evitar mais derramamento de sangue, Bento Manuel levantou a bandeira de “parlamento” e Bento Gonçalves aceitou negociar. O acordo foi feito e assinado em 4 de outubro. Os Farrapos entregariam as armas, capitulariam e voltariam livres para suas casas. Segundo Bento Manuel, a guerra estaria terminada, com a vitória do Império. Ele pacificara a Província e receberia as glórias da Corte. Porém, Bento Gonçalves não era tão ingênuo e já havia enviado um mensageiro solicitando socorro a Neto e Canabarro.
Depois de desarmar e soltar os soldados, Bento Manuel manteve os chefes presos: Bento Gonçalves, Tito Lívio, José de Almeida Corte Real, José Calvet, Onofre Pires, entre outros, sob o pretexto de que Bento Gonçalves havia faltado com sua palavra ao enviar emissários buscando socorro. A maior parte dos líderes do movimento foi presa na Presiganga, depois enviada à Corte e por fim encarcerada na prisão de Santa Cruz e no Forte da Laje, no Rio de Janeiro.
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