Lei prevê que produtores de cana se adaptem gradativamente às novas
regras, mas alguns municípios de São Paulo decidiram proibir a queima da
palha imediatamente
(Queima da palha da cana deve ser eliminada até 2014 nas áreas mecanizadas e até 2017 nas demais áreas)
A queima da palha da cana-de-açucar em São Paulo vai ser proibida definitivamente em 2017. Por isso, muitos
municípios do Estado estão criando dificuldades para os produtores e
impedindo a queima imediata, o que pode causar problemas financeiros no
campo.
Desde 2007, São Paulo tem investido mais em
sustentabilidade no campo em função da criação de uma lei que antecipa o
cronograma de eliminação da queima da palha da cana-de-açúcar de 2021
para 2014 nas áreas mecanizadas e de 2031 para 2017 para as áreas não
mecanizadas. Com isso, o Estado deixou de lançar na atmosfera mais de 20
milhões de toneladas de poluentes. Para os produtores se adaptarem a
lei, eles vão substituindo a queima gradativamente.
Alguns
municípios, no entanto, decidiram proibir de vez a queima da palha da
cana por meio de ações civis públicas. Assim, tanto o Estado de São
Paulo quanto a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb)
foram proibidos de conceder autorizações para a queima controlada. A
decisão prejudicou muitos produtores.
– Esses processos que estão
entrando em regiões como Araçatuba, Jaú, Araraquara e Piracicaba, que
proíbem a cana de um dia para o outro, é muito danoso para o produtor
porque essas áreas não têm estrutura para serem colhidas mecanicamente e
quando são colhidas cruas, custam 20% a mais. Para o produtor é um
problema muito grave – afirma Maria Christina Pacheco,
ex-vice-presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região
Centro-Sul do País (Orplana).
O assunto foi debatido por
especialistas do setor na sede da Sociedade Rural Brasileira, em São
Paulo. Para eles, o desafio dos produtores em substituir a queima de
forma imediata pode fazer com que muitos desistam de produzir.
– É
um desastre do ponto de vista econômico e industrial, porque passa por
cima de um protocolo, de uma decisão que foi construída para atender os
anseios da sociedade que não quer mais essa prática, mas sabe que o
agricultor precisa se adequar, mas também do trabalhador, que ainda
depende da colheita crua pra ter o seu salário – argumenta o assessor
jurídico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Francesco
Giannetti.
O evento acontece depois de uma audiência convocada
pelo ministro Luiz Fux, do Superior Tribunal Federal (STF), para
subsidiar a análise e julgamento do recurso extraordinário em que o
Estado de São Paulo questiona uma lei municipal que proíbe, desde 1995, a
queima da palha da cana-de-açúcar na cidade de Paulínia (SP).
–
Os produtores que têm até 150 hectares não estão proibidos de queimar
com base na lei federal, só quando a estadual for mais restritiva é que
tem que deixar de trabalhar, mas com as autorizações recolhidas, eles
não poderão queimar. Este é o grande drama enfrentado pelo Estado de São
Paulo – explica a advogada Ângela Motta Pacheco, especialista nas áreas
tributária e ambiental.
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